segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"A Beleza está nos olhos de quem vê" - Juízo Estético de Kant


"Se alguém me pergunta se acho belo o palácio que vejo ante mim, então posso na verdade dizer: não gosto desta espécie de coisas que são feitas simplesmente para embasbacar, ou, como aquele chefe iroquês, de que em Paris nada lhe agrada mais do que as tabernas." (KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo 2000, pág. 49.)


A Estética de Kant analisa a percepção do belo na prática da vida cotidiana. Essa análise dá-se essencialmente na sua Crítica da Faculdade do Juízo (1790). 
Para Kant, a estética é um estado de vida de direito próprio, uma capacidade de fruição intimamente relacionada a outras capacidades cognitivas do ser humano, sem depender, necessariamente, da aquisição de conhecimento.

A existência de juízos estéticos é evidente por si só. Entretanto, frente à existência do juízo estético, encontramos dois problemas: 1) estabelecer o que é belo propriamente e que se manifesta nele; 2) remontar o fundamento que o torna possível. Assim, qual seria a solução que Kant deve apresentar para esses problemas?

Kant diz que o belo não pode ser propriedade objetiva das coisas, pois é algo nascido da relação entre o objeto e o sujeito, também nascido da relação dos objetos comparados com os sentimentos de prazer do sujeito, atribuídos aos próprios objetos. A imagem do objeto refere-se ao sentimento de prazer e é comparada a este e avaliada por este, dando lugar ao juízo de gosto. Portanto, o belo é aquilo que agrada segundo o juízo de gosto, implicando em quatro características deduzidas das quatro classes de categorias: quantidade, qualidade, relação e modalidade. 

O segundo problema se resolve na fundamentação do juízo estético no jogo livre e na harmonia das faculdades espirituais que temos e que o objeto em nós produz. O efeito desse jogo livre das faculdades é o juízo do gosto. Portanto, esse juízo puramente objetivo precede o prazer pelo objeto, fundamentando-o pela harmonia das faculdades de conhecer. Entretanto, tal validação subjetiva universal do prazer, ligada ao objeto pelo conceito de belo, só se fundamenta na universalidade das condições subjetivas do juízo dos objetos. 

Juntamente com o belo vem o sublime que também é aquilo que agrada por si mesmo. A diferença entre belo e sublime se dá no fato de que o primeiro se relaciona à forma do objeto, caracterizada pela limitação (ou delimitação). O sublime diz respeito àquilo que é informe, o que implica a representação do que é ilimitado. O belo produz um prazer positivo, o sublime um prazer negativo. 

O sublime não está nas coisas, mas no homem. Apresenta-se sob duas formas: matemático e dinâmico. Matemático quando dado pelo infinitamente grande (oceano, céu etc.). Dinâmico quando dado pelo infinitamente poderoso (terremotos, vulcões etc.). Diante dos dois o homem se descobre pequeno e esmagado, mas descobre que é superior ao imensamente grande ou o imensamente poderoso, pois carrega em si as ideias da razão (da totalidade absoluta) que superam aquilo que parecia superar o próprio homem.


Referências:




Postado por: Tassia Soares Hoffmann


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