quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Arquitetura Sublime

Por Emílio Terra

       A produção da arquitetura sublime pode ser considerada como uma resposta ao conhecimento das virtudes e valores empenhados na composição de objetos que possibilitam a comoção profunda dos espectadores. Segundo Schopenhauer, a Arte, a obra do gênio, é considerada unicamente o essencial propriamente dito do mundo, alheio e independente de toda relação, o conteúdo verdadeiro dos fenômenos, não submetido à mudança alguma, e, por conseguinte, conhecida com igual verdade por todo o tempo. Sua única origem é o conhecimento das idéias, seu único fim é a comunicação deste.    

       Dessa forma, foi possível ao humano a produção de arquitetura, capaz de atingir o aspecto supra das afetações do indivíduo, romper com a condenação do espírito à matéria e acessar a essência atemporal do uno, possibilitando a igualdade entre qualquer espectador que se poste diante de uma dessas obras.

       A qualificação para confecção desses monumentos não são apreendidas em escolas e academias, estas são virtudes dos gênios. Fica a critério deles a objetividade mais perfeita, traduzidas em materiais de contemplação. Diferem-se dos demais pela capacidade de proceder de maneira puramente intuitiva, fazendo assim a personalidade ausentar-se completamente por um tempo, restando apenas o puro sujeito de conhecimento, claro olho cósmico. De todo modo, não significa que a concepção seja algo mágico, milagroso e instantâneo, mas de maneira duradoura e com tanta clareza de consciência, que permite ao gênio transliterar a síntese da arte planejada, em suma, como diz Goethe, “fixar em pensamentos duradouros o que aparece oscilante no fenômeno.”

       Para a cidade, essa arquitetura tem o papel de conferir às pessoas, a reflexão sobre sua existência e sua finitude, ela preenche uma necessidade interna no compartilhamento do mais alto produto de criação do outro, resgatando para o individuo no gozo da experiência estética, a garantia de continuidade de sua existência. Para arquitetura, esse desdobramento tem o papel de esclarecer uma de suas funções que não de abrigar funções e sim da materialização de sentidos e sensações. Para as pessoas, essa arquitetura tem o papel de igualar, envolver, agregar: diante do sublime não há hierarquia, todos existem.


Catedral de Brasília, Oscar Niemeyer, 1958.


Referência.:
Livro: O mundo como vontade e como representação. Arthur Schopenhauer.

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